16 de nov. de 2010

Do avesso.

Do avesso.

Preciso do básico, do jeans e do chão.
Sobre o piso de todo dia desvendar aqueles que aqui estão.
Sobre a cama escutar o som que não me oferece muito, só som.
E nos cafés da manhã despertar o sono que não faz visitas a noite, que deixa os olhos fechados e as olheiras com um charme que não encanta.
E no começo perceber o fim, e no fim me espantar com a beleza do começo.
E nas tardes descansar por esforço nenhum, refletir em meio aos gritos do pensamento.
Vestir o jeans que marca o corpo pra esconder as manchas da pele, as manchas da falta de cor.
E alimentar minha fome pra que ela nunca me abandone, nunca se esqueça de mim, porque ela sempre volta, e assim meu corpo sabe que está vivo e que pelo menos alguém o quer com tanta intensidade, com tanta força. Sempre assídua e pontual, a fome por comida que faz de mim um ser animal; um ser que, pelo menos por um instante, não tem duvidas do que quer, não hesita em buscar o que necessita.
Preciso ter coragem pra ter fome de vida da mesma forma como tenho fome de comida.




remanescentes, somente.