27 de mar. de 2010

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Rebeca nunca foi beijada,
Não sabe o que é ter aqueles lábios tão desejados Junto aos seus;
Nunca saiu por aí de mãos dadas,
Nunca nem encostou nos braços dele;
Ela nunca recebeu a tão sonhada ligação,
só passa ligações;
Nunca ouviu num sussurro o almeijadíssimo “Eu te amo”,
Ela não sabe o que é o amor; sabe o que é amar

Rebeca sente que a vida passa e que ela ficou no mesmo lugar,
O mundo da voltas e voltas e ela só sente o vento passar,
As pessoas contam suas histórias, descrevem seus encontros e desamores,
E Rebeca acha que são narrações cheias de exageros, enfeitadas com cores e
Sorrisos que, na verdade, nunca existiram;
Rebeca não tem história pra contar.

Rebeca não sai à noite, as únicas coisas que a fazem virar as madrugadas
são os livros, e os diários nunca terminados.
Ela não sabe o que é ter um álcool deslizando pela garganta,
O máximo que bebe é suco de laranja;
Não gosta de dançar em publico,
Mas o seu quarto é uma verdadeira pista de dança.

Rebeca sonha alto, bem alto que até as paredes escutam,
(Ela só tem uma amiga);
Faz planos, traça metas, mas quando sente que esta perto dos
Seus objetivos serem alcançados, a perna treme e o coração aperta
tanto, que sabe que nunca vai extravasar essa vontade que sufoca seu ser;

Rebeca tem medo de nunca tenha uma história pra contar,
Mas ela sabe que histórias não podem ser escritas se não houver um protagonista,
Rebeca tem plena certeza de que não passa de uma coadjuvante.

14 de mar. de 2010

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"A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar."

Rubem Alves

Falso retrato

Fotografei, você não viu
Verdade no meu olhar
Felicidade não sorriu
Fingiu somente que estava lá

Me revelei, você despiu
Tristeza em todo lugar
Mentiu tão bem que nos uniu
Um bom motivo pra me lembrar que
Quando percebe o desgosto do gasto
E gosto da farsa
Disfarça que não tem tamanho
Nem foco, nem brilho, nem alma, nem cor
E ainda desmente que medo não sente
Que tudo é pecado e nada é perdão
Felicidade reinará

E o dia raiou
Tudo em claro e viva cor
O sol em meu mural
Desbota a minha dor


Não paro, passo, faço, me encontro
Num retrato três por quatro
Não me enquadro ao teu lado, não

Emoldurei o fim por vir
Polaroid pra registrar
Revejo assim o que não vi
Retrato que ainda não há

Recordar o que sobrou,
meu sub exposto olhar

by Moveis Coloniais de Acaju

Remanescentes musicais e sentimentais

4 de mar. de 2010

Não há título para dores





Ontem chorei.
As lágrimas conseguiram se libertar de mim,
rolaram em meu rosto,externando um rio de dúvidas
que corre dentro de mim.
As palavras fluiram,em meio aos soluços e pausas,
simplesmente fluiram.
Uma voz de raiva, de dor, uma voz frágil, sem cor.
Falei pras paredes,joguei minha raiva, minhas dúvidas,
minha falta de fé, desesperança. Tudo acontece com todo mundo!?
Falei para o teto, meu medo, minha vontade de mudar, de ser livre.
Gritei aos céus: "Não me deixe sozinha, Deus."
Insegurança.

Uma vontade de viver a vida, e uma raiva de coisas não vividas.
Um choro sincero, de uma menina fragil e mal entendida.
Cansei das condenações, de injustiças, de pessoas que falam muito,
mas revelam tão pouco em atitudes.
Também cansei da autocondenação.
Quero ser livre pra mim mesma!!

as lágrimas saíram, mas o que permanece dentro de mim me faz
ser insegura,faz-me ter medo, motiva-me a fé!
Sinto-me num campo de batalha, lutando contra mim, sem armas, sem
força, sem nada. Alguém percebe essa dor??

Aí me vem a bela e fidelíssima companheira, chamada razão; vem com toda a sua delicadeza e sensatez me mostrar que, se eu decidir permanecer e lutar pelo que é bom, conseguirei chegar lá, maaas, pra onde estou indo mesmo??

Preciso de um mapa pra me ajudar!!Há??

...

depois de tudo, acho que pude ouvir, quase ao longe,como um sussurro,
um vento,vindo não sei de onde, nem sua intensidade,nem quando
chega, mas um vento vem em minha direção, pra me fazer sentir
tudo o que preciso, tudo o que quero,o que almejo...
vem pra consolar-me desse choro que me fez melhor
, até hoje.



remanescentes de um coração saturado

1 de mar. de 2010

para Dingre

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Hoje é dia de despedida,poderia estar triste, chorando, pra baixo, mas não,estou feliz. Um sentimento de paz meio que pairou em mim nessa manhã quente dessa ilha.
DINGRE vai embora, vai morar em outra cidade e não tenho a mínima ideia de quando a verei de novo.
Mesmo assim, to feliz. Feliz por ela e por essa amizadeque 'do nada' surgiu; amizade que fluiu naturalmente e que nos fez tão cumplices, tão próximas,tudo em tão pouco tempo,que mesmo essa distancia não irar quebrar essa força, essa necessidade de que temos uma da outra:dos conselhos, palavras amigas, gargalhadas,
sorrisos cumplices, conversas,musicas,textos, enfim.
"Mulheer, você me cativou!"



Vai pra lá e seja feliz, muito feliz, e continue olhando os mundos com esses olhos de quem percebe,captura o essencial do viver, do dia-a-dia, da via láctea ;), de tudo. E quando for preciso, faça como vc mesma disse:Feche os olhos e nos(Isaque e Rê)imagine por perto, de maneira que a saudade seja só um detalhe, seja até bom de se sentir, porque quando formos te visitar, o tempo terá um novo valor pra todos nós...valor esse que vc conhece muito bem. ;)

Em homenagem, segue um dos muitos textos dela que eu simplesmente amo:
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depois das oito

cecília tinha cabelos longos, era jovem, gostava de escrever. voltava do trabalho, um jornal, e passava por três sinais. cecília era solteira, sozinha, gostava de leite quente. a mãe reclamava da falta de cuidado dela com suas escolhas no vestuário. cecília era bonita, mário também. mário sorria largo, sorria raramente. mário comia batatas cozidas porque a tia lhe empurrava, preferia cenouras. cecília cantava só, vivia só. mário tinha dois ou três amigos.mário gostava de fotografar. cecília teve um artigo seu publicado junto a uma fotografia de mário, cecília não o conhecia. mário não se conhecia - antes eu tivesse feito administração, antes eu tivesse sido ator! cecília não sabia cozinhar - antes tivesse ido morar numa república, mas e o meu espaço? não não, como arroz queimado mesmo. mário usava meias brancas e dirigia um carro que tinha umas duas décadas. cecília gostava de poesia. mário fazia algumas músicas e não as cantava. cecília escrevia muito e ganhava pouco. cecília e mário talvez tivessem sido felizes se fossem um casal. mário ficou nervoso, roubaram sua câmera perto do bosque - com quê vou me sustentar agora? cecília esqueceu as chaves no trabalho, atravessou dois sinais para buscá-las de volta. mário não tem mais emprego então, mário não viu o sinal vermelho. cecília precisava pegar logo as chaves - só mais um sinal! mário atropelou uma mulher. cecília morreu na ambulância. mário faz análise - era linda a mulher do sinal, era
lindo o seu rosto, droga! a mãe de cecília chorou, a chave da casa estava no bolso do casaco usado no velório. mário não faz mais músicas. cecília tem poemas esquecidos. a tia de mário decidiu então agradá-lo com cenouras.
Ingred Sampaio