16 de nov. de 2010

Do avesso.

Do avesso.

Preciso do básico, do jeans e do chão.
Sobre o piso de todo dia desvendar aqueles que aqui estão.
Sobre a cama escutar o som que não me oferece muito, só som.
E nos cafés da manhã despertar o sono que não faz visitas a noite, que deixa os olhos fechados e as olheiras com um charme que não encanta.
E no começo perceber o fim, e no fim me espantar com a beleza do começo.
E nas tardes descansar por esforço nenhum, refletir em meio aos gritos do pensamento.
Vestir o jeans que marca o corpo pra esconder as manchas da pele, as manchas da falta de cor.
E alimentar minha fome pra que ela nunca me abandone, nunca se esqueça de mim, porque ela sempre volta, e assim meu corpo sabe que está vivo e que pelo menos alguém o quer com tanta intensidade, com tanta força. Sempre assídua e pontual, a fome por comida que faz de mim um ser animal; um ser que, pelo menos por um instante, não tem duvidas do que quer, não hesita em buscar o que necessita.
Preciso ter coragem pra ter fome de vida da mesma forma como tenho fome de comida.




remanescentes, somente.

4 comentários:

  1. - também preciso de vida.
    bom dia hoje e amanhã. bom dia sempre =)

    ResponderExcluir
  2. Cada fome que temos é o reflexo do que somos. Tenho fome da sabedoria, da verdade, da vida.

    ResponderExcluir
  3. Muito bom, ritinha! Só digo uma coisa: ô, se eu tivesse essa mesma fome pela vida que tenho por comida, já teria engordado 10kg de vida rapidinho! hahaha (Cara, que comentário ridículo! haha) beijão, ritxeenha.

    ResponderExcluir
  4. Adorei as poesias que tu postastes! Não desista de postar amigo do conhecimento. Abraços de Haulle.

    ResponderExcluir