6 de dez. de 2010

Solidez derretida.


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Foi assim, acordei com o 'sentir' de Ismália.
E no meu desvario, quis o vento do céu,
quis a frieza do mar.
E na torre da minha vida, percebi a loucura do sonhar.
Sonhei muito, sonho muito, quero pouco.
O céu me bastaria, o mar me lavaria.
Mas a torre balança, bagunça os sonhos, confunde o querer.
A torre me torna inconstante. A torre não me deixa viver.
A sede é grande, culpa do sal do mar.
O peso é grande, culpa da leveza do ar.
O céu fica longe, não sei se dá pra alcançar.

E quis conversar com Ismália, entender sua loucura, desvendar seu encanto.
Mas ela não parou de cantar.
Na minha torre não havia espaço pra vozes.
Na de Ismália, havia um coral de anjos.
Tentei cantar; descobri um anjo ferido, massacrado pelo silêncio de minha vida, entediado em minha torre.
Não soube o que fazer; as asas do anjo, que seriam minha fonte de liberdade, estavam machucadas. Então desafinei.

E foi assim, acordei com o 'viver' de Ismália.
E, acordada, sonhei com a alma assassinada.
Queria voar como a menina da torre, e eternizar meu corpo.
Elevar a alma ao céu, levitar.
Nadar nas águas do mar, descobrir seus mistérios.
Queria refletir no céu, na lua que encontrei no mar.
Mas Ismália foi mais feliz, teve coragem.
Ismalia foi forte: nadou no mar, abriu os céus.


E eu, me pus na torre a chorar.

E foi assim, fui dormir com o 'morrer' de Ismália.



restos poéticos dedicados à Ismália, a mesma de Alphonsus de Guimaraens

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