1 de mar. de 2010

para Dingre

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Hoje é dia de despedida,poderia estar triste, chorando, pra baixo, mas não,estou feliz. Um sentimento de paz meio que pairou em mim nessa manhã quente dessa ilha.
DINGRE vai embora, vai morar em outra cidade e não tenho a mínima ideia de quando a verei de novo.
Mesmo assim, to feliz. Feliz por ela e por essa amizadeque 'do nada' surgiu; amizade que fluiu naturalmente e que nos fez tão cumplices, tão próximas,tudo em tão pouco tempo,que mesmo essa distancia não irar quebrar essa força, essa necessidade de que temos uma da outra:dos conselhos, palavras amigas, gargalhadas,
sorrisos cumplices, conversas,musicas,textos, enfim.
"Mulheer, você me cativou!"



Vai pra lá e seja feliz, muito feliz, e continue olhando os mundos com esses olhos de quem percebe,captura o essencial do viver, do dia-a-dia, da via láctea ;), de tudo. E quando for preciso, faça como vc mesma disse:Feche os olhos e nos(Isaque e Rê)imagine por perto, de maneira que a saudade seja só um detalhe, seja até bom de se sentir, porque quando formos te visitar, o tempo terá um novo valor pra todos nós...valor esse que vc conhece muito bem. ;)

Em homenagem, segue um dos muitos textos dela que eu simplesmente amo:
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depois das oito

cecília tinha cabelos longos, era jovem, gostava de escrever. voltava do trabalho, um jornal, e passava por três sinais. cecília era solteira, sozinha, gostava de leite quente. a mãe reclamava da falta de cuidado dela com suas escolhas no vestuário. cecília era bonita, mário também. mário sorria largo, sorria raramente. mário comia batatas cozidas porque a tia lhe empurrava, preferia cenouras. cecília cantava só, vivia só. mário tinha dois ou três amigos.mário gostava de fotografar. cecília teve um artigo seu publicado junto a uma fotografia de mário, cecília não o conhecia. mário não se conhecia - antes eu tivesse feito administração, antes eu tivesse sido ator! cecília não sabia cozinhar - antes tivesse ido morar numa república, mas e o meu espaço? não não, como arroz queimado mesmo. mário usava meias brancas e dirigia um carro que tinha umas duas décadas. cecília gostava de poesia. mário fazia algumas músicas e não as cantava. cecília escrevia muito e ganhava pouco. cecília e mário talvez tivessem sido felizes se fossem um casal. mário ficou nervoso, roubaram sua câmera perto do bosque - com quê vou me sustentar agora? cecília esqueceu as chaves no trabalho, atravessou dois sinais para buscá-las de volta. mário não tem mais emprego então, mário não viu o sinal vermelho. cecília precisava pegar logo as chaves - só mais um sinal! mário atropelou uma mulher. cecília morreu na ambulância. mário faz análise - era linda a mulher do sinal, era
lindo o seu rosto, droga! a mãe de cecília chorou, a chave da casa estava no bolso do casaco usado no velório. mário não faz mais músicas. cecília tem poemas esquecidos. a tia de mário decidiu então agradá-lo com cenouras.
Ingred Sampaio

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